Outras
REGIÕES BIOGEOGRÁFICAS
Campos Rupestres
“Historicamente o Campo Rupestre foi classificado dentro do bioma Cerrado. Possivelmente, isto se deve ao fato de que os principais sistemas de classificação da vegetação de Cerrado tenham sido realizados pela Universidade de Brasília (veja Walter et al 2008). Neste sentido, pareceu natural que uma vegetação campestre fosse apenas mais uma variação das fisionomias campestres do cerrado. Além disso, grande parte da distribuição geográfica do Campo Rupestre está associada ao bioma Cerrado, e o compartilhamento de algumas espécies reforçou a ideia de que o Campo Rupestre fosse parte do cerrado.
No entanto, recentemente têm surgido algumas linhas de evidência que sugerem que o Campo Rupestre seja um bioma à parte do Cerrado. Na presente proposta utilizo os seguintes princípios norteadores para a classificação de vegetação (Walter 1985, Mucina 2017): 1) similaridade climática, 2) similaridade geológica e pedológica, 3) similaridade em padrões de distúrbio, 4) similaridade de padrões de traços funcionais, 5) similaridade fitofisionômica e 6) similaridade em serviços ecossistêmicos”.
“Devido às características específicas do campo rupestre, sobretudo o Complexo da Serra do Espinhaço, onde as condições ambientais e a biota associada destoam muito das fitofisionomias típicas existentes no entorno, sejam elas as formações savânicas (predomínio à oeste) florestais (predomínio à leste), e caatinga (predomínio no norte) sugere-se que esta região seja tratada de forma singular, uma vez que não pertencem nem ao bioma Cerrado, ao bioma Mata Atlântica ou ao bioma Caatinga.”
Fonte: Texto “O campo rupestre é um bioma?”
Autor: Fernando A. O. Silveira (Departamento de Botânica/UFMG)
Currículo: http://lattes.cnpq.br/7065415640299923
Existe uma proposta de reconhecimento dos Campos Rupestres (aqueles ocorrendo sobre substrato principalmente quartzítico e sobre canga) como um peinobioma azonal, que não faz parte do bioma Cerrado, denominado Bioma Campos Rupestres.
Saiba mais na apresentação “CAMPOS RUPESTRES – Bioma ou Fitofisionamia?” de Miguel Andrade, coordenador da Serra do Espinhaço.
Ambientes Costeiros e Marinhos
“O Brasil possui vasta área oceânica, tendo atualmente 3,6 milhões (Ibama, 2012) de km², podendo atingir uma área de 5,7 milhões de km², o que virá a ser maior do que a metade do território nacional na parte continental. Essa área é constituída pelo Mar Territorial, de 12 milhas náuticas contadas a partir da costa; pela Zona Econômica Exclusiva (ZEE), de 188 milhas náuticas a partir do Mar Territorial; e pela Plataforma Continental e a sua extensão além das 200 milhas náuticas.” (https://www.marinha.mil.br/secirm/)
“Do ponto de vista biogeográfico, a Zona Costeira Marinha não se caracteriza como um bioma específico, embora os processos marinhos e costeiros inerentes justifiquem seu tratamento como uma unidade ambiental, em que ocorrem sedimentos, vegetação, fauna e feições geomorfológicas particulares, que compõem paisagens litorâneas e marinhas características. Contudo, por apresentar uma multiplicidade de feições e características físicas e bióticas de cada porção do litoral brasileiro, essa região é tratada como Sistema Costeiro-Marinho (IBGE, 2019).”
“O Sistema Costeiro-Marinho é caracterizado como uma zona de transição ecológica entre os ecossistemas terrestres e marinhos, sendo em sua maioria formada pela parte marítima. A parte continental é equivalente a apenas 6,27% da sua área total, entretanto, interage e compartilha a abrangência com outros biomas (Figura 13), em uma superposição que possibilita a delimitação de subsistemas costeiro-marinhos em cada bioma, com exceção evidentemente do Pantanal (IBGE, 2019).”
“A Zona Costeira brasileira, estabelecida como patrimônio nacional no § 4° do art. 225 da Constituição Federal, compreende uma faixa que se estende por mais de 8.000 km voltados para o Oceano Atlântico, levando em conta os recortes litorâneos. Em termos de latitude, o litoral brasileiro estende-se desde os 4°30’ Norte até os 33°44’ Sul, estando, assim, localizado nas zonas intertropical e subtropical. Possui largura terrestre variável, compreendendo 443 municípios costeiros distribuídos em 17 estados litorâneos. Inclui a faixa marinha de 12 milhas náuticas (mn), que coincide com o mar territorial, ampliando a área da zona costeira para 514 mil km2 (Ibama, 2012).”
“A despeito da sua imensidão, do ponto de vista biológico, a maior parte da área dos oceanos é de baixa produtividade, sendo equivalente aos desertos em terra. Já as zonas costeiras, formadas por uma estreita faixa terrestre e marinha situada na borda dos continentes, são altamente produtivas, complexas, e ricas em biodiversidade. Na zona costeira, são encontrados ecossistemas como praias arenosas, dunas, manguezais, recifes de corais e costões rochosos. Em conjunto, os ecossistemas costeiro-marinhos são responsáveis por diversas “funções ecológicas”, tais como proteção da linha de costa contra processos erosivos; mitigação dos efeitos de inundações; ciclagem de matéria orgânica e produção de nutrientes; abastecimento do lençol freático e proteção contra a intrusão salina; além dos diversos recursos pesqueiros que alimentam e sustentam milhares de pessoas, constituindo-se um desafio permanente à gestão costeira (ICMBIO, 2019).”
“O ambiente costeiro e marinho abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental. Na costa brasileira, por exemplo, ocorrem os únicos ambientes recifais do Atlântico Sul, que se distribuem por aproximadamente 3 mil km de costa, do Maranhão ao sul da Bahia.
Além da biodiversidade que abriga, os recifes de corais contribuem muito para a pesca e para a fabricação de remédios e ajudam a proteger a costa da ação destrutiva das ondas (CASTRO, 2016). A fauna de coral formadora dos recifes é constituída por espécies na maioria endêmicas, o que confere ao Brasil enorme responsabilidade na proteção e uso sustentável desses ambientes (IBAMA, 2012).”
MapBiomas e a Transformação na Zona Costeira Brasileira
“As praias, dunas e areais do Brasil vêm sendo modificados nos últimos 36 anos. É o que mostra a mais nova análise do MapBiomas a partir de imagens de satélite entre 1985 e 2020. A redução foi de 15%, ou cerca de 70 mil hectares. Há 36 anos, eram 451 mil hectares; em 2020, apenas 382 mil hectares. Além de dunas, praias e areais, o estudo que o MapBiomas apresentou nesta dia 27 de outubro, pelo YouTube, também avalia a dinâmica das áreas de manguezais, apicuns (áreas salinizadas desprovidas de vegetação) e da aquicultura/salicultura.
A preservação das praias e dunas é essencial para o controle da erosão costeira e preservação da faixa litorânea e sua biodiversidade. A praia e a duna normalmente protegem os manguezais das ações das ondas. Criam um ambiente calmo, onde a lama pode ser depositada e colonizada pela vegetação de mangue.
Os motivos para diminuição das superfície de dunas, praias e areais continentais são variados: desde a revegetação do topo das dunas, ocupação por empreendimentos aquícolas e salineiros, até a expansão de espécies invasoras. A diminuição das faixas de praias e dunas também pode ser explicada em parte pela forte pressão imobiliária. Há, ainda, a baixa proteção: apenas 40% desse tipo de depósito está protegido em alguma unidade de conservação. Entre os casos de ocupação por usos da terra, chama a atenção o avanço dos pinheiros sobre campos dunares no Rio Grande do Sul em áreas que fazem limite com florestas plantadas e a expansão da estrutura aquícola/salineira na região costeira do Rio Grande do Norte.
Nesse contexto, a criação de Unidades de Conservação em zonas costeiras foi de uma importância indubitável. O Brasil possui 340 (13%) do total de suas 2544 Unidades de Conservação na zona costeira.”
(Fonte: https://mapbiomas.org/reducao-das-praias-e-dunas-no-brasil-foi-de-15-nos-ultimos-36-anos)
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